HQtrônica A equipe do PH
3ª Edição - As novas (e líquidas) configurações familiares
Ilustrações e Projeto Gráfico da HQtrônica A equipe do PH.
A equipe do PH é uma HQtrônica (história em quadrinhos eletrônica) criada em 2009, que mistura história em quadrinhos com recursos de multimídia. Ela retrata temas do cotidiano da nossa sociedade, apoiada no conceito de modernidade líquida de Zygmunt Bauman.
As histórias se passam na Agência de Comunicação PMP, onde trabalham oito personagens principais: Paulo Humberto, Paloma Bittencourt, Mônica Bentes, Bruno Carvalho, Renata Caldas, Daniel Santos, Sérgio Gonçalves e Juracilma Batista, com diferentes personalidades, histórias de vida e formações: jornalistas, publicitários, relações públicas, designers, administradores, fotógrafos, entre outras. Esses profissionais são coordenados por “PH” (Paulo Humberto), o coordenador da empresa. Todas as situações e narrativas tratam do homem pós‐humano, em suas relações familiares, emocionais, de trabalho, infância, entre outras.
A 3ª edição da HQtrônica “A equipe do PH” - As novas (e líquidas) configurações familiares, possui 17 páginas e tem como texto base o artigo "Novos tempos, novas famílias? Da modernidade à pós-modernidade", de Helena Centeno Hintz. Na narrativa dessa edição, os personagens Daniel e Seu Sérgio conversam sobre a estrutura da família pós-moderna e a função de cada membro da mesma. Ao visitar a família de Daniel, Seu Sérgio se depara com uma família onde o homem não é o chefe da família, ele também ajuda a cuidar dos filhos, a cozinhar, a limpar a casa. A relação conjugal com sua esposa, Dhiva, é baseada no compartilhamento de decisões, despesas, cuidado com os filhos, etc. Nessa edição, são explorados os recursos: hipertextualidade, colaboratividade, Orkut e YouTube.
Idealizadores: Raphael Santos Freire e Andreza Jackson de Vasconcelos
Este trabalho foi vencedor regional e nacional (2010) da XVII Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (EXPOCOM) - Categoria Produção Editorial e Produção Transdisciplinar em Comunicação - Modalidade Quadrinhos (avulso) da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM Norte e Nacional).
Os idealizadores da HQtrônica também foram entrevistados no programa 7 Set Independent da TV Cultura do Pará (19 de dezembro de 2010).
Sim, Seu Sérgio, indo um pouco mais cedo,pois meu carro está na oficina.
Daniel San, você já está indo embora?
Ah, o que é isso? Pode deixar que eu lhe dou uma carona até sua casa.
Muito obrigado, Seu Sérgio, assim é melhor que vou poder ter mais tempo para fazer minhas tarefas domésticas.
Daniel, você havia dito na PMP que, quando chegar em casa, irá fazer suas tarefas domésticas, é isso mesmo?
Mas que coisa, hein? Na minha casa, eu não faço isso, não. Essas são funções da minha esposa.
É isso mesmo, Seu Sérgio, quando chego do trabalho, arrumo a casa, varro, lavo louça e faço o jantar.
Hoje, as configurações familiares marido-mulher/pais-filhos são diferentes. Novos vínculos familiares estão sendo estabelecidos.
Vou lhe dar um exemplo: há um tempo, quem detinha o poder econômico dentro de casa era sempre a figura masculina. A mulher era vista somente para procriar, cuidar dos filhos, da casa e do marido. Hoje, a condição feminina está diferente. A mulher assumiu outros papéis.
Mas, lá em casa, é assim que acontece. Minha esposa é responsável por tudo isso que você falou. E ela faz tudo muito bem e com muito gosto.
As mulheres não fazem somente isso. Agora, elas também trabalham fora, frequentam a universidade, possuem uma profissão, às vezes, ganham mais que seus maridos, além de cuidarem da casa, dos filhos etc, ou seja, a mulher acaba trabalhando dentro e fora de casa também.
Ganham mais que seus maridos? Se for assim, elas passam a assumir o papel de chefe da família, passam a deter o poder sobre os membros da família. E o marido, passa a assumir que papel?
Nossa, que diferente! Não conseguiria imaginar minha esposa trabalhando fora de casa, ganhando mais que eu e ainda por cima eu exercer tarefas domésticas.
Continuam com as mesmas funções ou acumulam mais algumas. Hoje, a relação conjugal está baseada no compartilhamento de decisões. Os direitos e deveres passam a ser recíprocos.
Seu Sérgio, estamos quase chegando. O que o senhor acha de jantar na minha casa com minha família? Assim, o senhor poderia ver com seus olhos tudo isso que estou lhe falando.
Com certeza, eu aceito, vamos sim!
Seu Sérgio, pode entrar! Seja bem-vindo à casa da família Santos.
Crianças, esse aqui é o Seu Sérgio, um
amigo do papai
lá do trabalho.
Oi, tudo bem?
Oi, tio.
Bem-vindo.
Seu Sérgio, fique à vontade, sente-se no sofá, assista à TV, o senhor está em casa. Me aguarde só um momento que já volto.
Ah, sim, amamos muito ele
e a mamãe. São muito carinhosos e atenciosos comigo e com meus irmãos. Somos muito unidos.
Eu cuido da papelada, de coisas um pouco chatas, sabe. Mas eu gosto do que faço.
O que o senhor faz no trabalho do papai?
Vocês se dão muito bem com o pai de vocês, não é?
Seu Sérgio, venha até a cozinha, por favor.
Com licença, seu pai está me chamando.
É só ir direto aqui.
Me diga, Seu Sérgio, o senhor come qualquer comida? Pois estou preparando um frango assado para jantarmos.
O frango está perfeito, Daniel. Quer dizer que são essas coisas que você faz quando chega em casa, entendi!
Isso mesmo, Seu Sérgio, lavo a louça, varro a casa, arrumo algumas coisas e faço o jantar. Minha esposa chega cansada e combinamos que eu ficaria responsável por essas tarefas.
Daniel?
Crianças?
Cheguei!!!
Minha esposa, Dhiva, chegou. Vamos conhecê-la seu Sérgio.
Vamos sim, estou curioso para conhecê-la.
Boa noite, querida. Esse aqui é o Seu Sérgio, um amigo da agência. Ele veio conhecer nossa família e jantar conosco.
Muito prazer,
Seu Sérgio.
Seja bem-vindo.
Obrigado. Você é muito bonita. Prazer em conhecê-la!!!
Pronto, família, o jantar está servido!!!
Ah, Seu Sérgio, isso tentamos resolver por meio das novas tecnologias. Hoje, eu posso mandar recados via internet, conversar com as crianças pelo MSN. Os maiores possuem celular e várias vezes ao dia nos falamos.
Temos que refletir sobre o espaço que a tecnologia ocupa em nossas vidas e de que forma ela pode se adequar em prol do relacionamento familiar entre pais e filhos.
Bom, está na minha hora. Preciso ir para minha casa.
Foi um prazer tê-lo conosco Seu Sérgio.
Volte mais vezes e traga sua esposa e seus filhos para conhecermos.
Eu reparei uma coisa: vocês passam quase o dia inteiro fora. Não se sentem distantes delas. Não ficam com saudades?
Nossa, Daniel, fiquei muito impressionado com sua família. Eu jamais imaginei que as famílias de hoje poderiam ter essa configuração. Começo a pensar como seria se tivesse esse relacionamento com minha mulher e meus filhos. Quem sabe ainda dá tempo de me aproximar mais deles e ver minha esposa em outras funções, não é mesmo?
Seria bem interessante vê-lo fazendo algumas atividades domésticas, Seu Sérgio.
Será que realmente Seu Sérgio vai aderir às novas configurações familiares da modernidade líquida? Continue a história clicando aqui.
Com a descartabilidade das coisas e dos sentimentos, com a instabilidade da identidade e com o desmoronamento de algumas instituições, como a religião se faz presente na tal modernidade líquida? Confira na 4ª edição de A equipe do PH.
