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HQtrônica A equipe do PH

2ª Edição - Amor Líquido

Ilustrações e Projeto Gráfico da HQtrônica A equipe do PH.

 

A equipe do PH é uma HQtrônica (história em quadrinhos eletrônica) criada em 2009, que mistura história em quadrinhos com recursos de multimídia. Ela retrata temas do cotidiano da nossa sociedade, apoiada no conceito de modernidade líquida de Zygmunt Bauman.

 

As histórias se passam na Agência de Comunicação PMP, onde trabalham oito personagens principais: Paulo Humberto, Paloma Bittencourt, Mônica Bentes, Bruno Carvalho, Renata Caldas, Daniel Santos, Sérgio Gonçalves e Juracilma Batista, com diferentes personalidades, histórias de vida e formações: jornalistas, publicitários, relações públicas, designers, administradores, fotógrafos, entre outras. Esses profissionais são coordenados por “PH” (Paulo Humberto), o coordenador da empresa. Todas as situações e narrativas tratam do homem pós‐humano, em suas relações familiares, emocionais, de trabalho, infância, entre outras. 

A 2ª edição da HQtrônica “A equipe do PH” - Amor Líquidofoi baseada no livro Amor Líquido de Zygmund Bauman e é composta por 13 páginas. Os personagens principais dessa edição são PH e Dona Jura que conversam sobre as maneiras de se "amar" na modernidade líquida. Durante o dialogo, Dona Jura estranha o fato de o personagem PH estar namorando pela internet, pois para ela um namoro deve ser presencial, cara a cara. PH justifica dizendo que não é somente o meio que está modificando-se, mas também as formas de se relacionar, as quais, não são fixas, não possuem necessariamente um comprometimento como namoro ou casamento. O homem pós-humano está aberto aos relacionamentos, a novas amizades e os laços firmados são frouxos para que possam ser desamarrados a qualquer momento por ambas as partes. Nessa edição, também são explorados diversos recursos, como: hipertextualidade, colaboratividade, além da utilização do Orkut e YouTube.

 

Idealizadores: Raphael Santos Freire e Andreza Jackson de Vasconcelos

Este trabalho foi vencedor regional e nacional (2010) da XVII Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (EXPOCOM) - Categoria Produção Editorial e Produção Transdisciplinar em Comunicação - Modalidade Quadrinhos (avulso) da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM Norte e Nacional).

 

Os idealizadores da HQtrônica também foram entrevistados no programa 7 Set Independent da TV Cultura do Pará (19 de dezembro de 2010).

Ah Dona Jura, como um cidadão dessa sociedade líquida, digamos que eu estou namorando.
Ei Seu PH, mas o que tanto o senhor mexe nesse bicho aí hein?
Imagina Dona Jura, hoje a gente precisa se conectar, substituímos as parcerias pelas redes, quase tudo é feito no ciberespaço.
Minha gente, quer dizer então que vocês jovens de hoje beijam, se abraçam, conversam, e tudo mais nessa máquina aí é? Ai eu não acredito!
Nos relacionamos pela internet, é mais ou menos por aí Dona Jura, mas não foi só isso que mudou, não é só o meio pelo qual acontecem as relações humanas que está diferente, a maneira de se relacionar também mudou.
Mas como namorando? Onde já se viu namorar pelo computador? Pra se namorar é preciso que o homem e a mulher estejam juntos, um na frente do outro oras.
Hoje, esse negócio de jurar ser fiel para sempre, nos bons e maus momentos, na riqueza e na pobreza, “até que a morte os separe”, não está com nada. A gente cria vínculos frouxos para que possam ser desfeitos outra vez, quando os cenários mudarem.
Os relacionamentos virtuais ou líquidos, em comparação com aqueles pesados, lentos e confusos de antigamente, parecem inteligentes e limpos, fáceis de usar, compreender e manusear.
Ai deixa eu pegar uma cadeira Seu PH, por que não to acreditando nisso que o senhor está falando, valei-me!
Mas Seu PH, e o amor intenso e impactante, sabe aquele sentimento que a gente sente lá no fundo, que deixa a gente maluquinha? Uma paixão forte, coração aos pulsos. Aonde foi para tudo isso meu Deus?
Ih Dona Jura, a gente não quer se prender um ao outro por muito tempo não, agora é o amor líquido que impera. Por exemplo: A senhora está numa boate e de repente vê um cara que lhe interessa. Vocês conversam, dançam, riem, e quando se dá conta um dos dois pergunta: na sua casa ou na minha? Nenhum dos dois está a fim de nada sério, vão levando até onde ambos quiserem, sacou?
Deus que me livre Seu PH! Eu gosto das coisas à moda antiga, gosto de um relacionamento onde o casal possa entrar um dentro do outro, como se fossem um só, para ficarem juntos, partilharem suas vidas.
Ah gente, desculpa aí, mas eu acabei ouvindo um pouco da conversa. Olha só Dona Jura, automóveis, computadores ou telefones celulares perfeitamente usáveis, em bom estado e em condições de funcionamento satisfatórias são considerados, sem remorso, como um monte de lixo no instante em que “novas e aperfeiçoadas versões” aparecem nas lojas e se tornam o assunto do momento. A senhora acha que os relacionamentos deveriam ser diferentes?
É Dona Jura, é isso mesmo. Quando se entra num relacionamento, as promessas, os compromissos são irrelevantes a longo prazo. A gente se conhece, se curte, fica um tempinho juntos, mas não há motivo para supor que seu parceiro ou parceira não esteja livre para pular fora do negócio se e quando desejar.
Eu vou lhe responder Dona Jura. Nesse líquido mundo moderno que detesta tudo o que é solido e durável, eles vivem uma relação de lenço de papel carregada de instantaneidade e disponibilidade. São relações que você usa e joga fora logo em seguida ou quando desejar.
Mas isso aí é tão inseguro, incerto, o prazer é passageiro e a satisfação instantânea. Como vocês conseguem viver assim?
É isso mesmo Seu Sérgio, usamos e jogamos fora quando bem entendemos, mas sabe por quê? Pois como pós-humanos, estamos totalmente abertos a amizades, laços, convívio, relacionamentos, quando não queremos mais estar num, é simples: basta apertar a tecla de deletar.
É o que vocês chamam de descartáveis, não é Seu PH? Tudo para vocês é usado uma vez e depois jogado no lixo. Mas que falta de respeito.
E que quase encarcera, né Dona Jura?
Todas essas mudanças são muito estranhas pra mim. Eu não consigo acreditar que vocês abrem mão de um amor que protege, alimenta, abriga, guarda, cerca.
Ah galera qual é? A gente vive em constante movimento, não estamos sempre parados e fixos no mesmo lugar, do mesmo jeito como antigamente. Estamos sempre abertos a novas possibilidades “românticas”. Só que ao se envolver com alguém, não é algo prolongado, que requer muito esforço, geralmente é uma só vez.
Ah Dona Jura, ter a certeza de que existe de fato alguém com quem se pode contar, amanhã e depois, para fazer tudo não é o que procuramos. Estar num relacionamento significa muita dor de cabeça, mesmo que você deseje o contrário.
Eu não conseguiria me ver num relacionamento sem um companheiro de viagem pela vida, sem uma mão amiga quando você mais precisa dela, na aflição, a companhia na solidão, o apoio para sair de uma dificuldade, o consolo na derrota e o aplauso na vitória. Sem isso, pra mim, o relacionamento ser tona frágil, sem força.
O que nós precisamos é “estar ligados”, sem perder a independência, e nos permitir. Por isso deixamos todas as portas abertas.
Será que depois de descobrir como um ser pós-humano “ama”, Dona Jura será uma amante líquida? Continue a história clicando aqui.
Na modernidade líquida, a família está vivendo muitas transformações. Mas que nova família é essa que estamos falando?Novos laços, novas funções, novos valores, novos sentimentos, novos papéis. Confira na 3ª edição de A equipe do PH.
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